Max Felipe
Jornalista
Placa de inauguração do espaço é registro da memória do nascimento do primeiro conglomerado de compras organizado, no município, com diversos boxes para os lojistas
Quem vive Paulista sabe a força do comércio na região. Andar no centro da cidade e fazer as compras no Centro Comercial Tiradentes faz todo o diferencial, pois há 50 anos foi construído com boxes para os comerciantes poderem ter um espaço digno e movimentar a economia local.
Inaugurado em abril de 1970, na gestão do ex-prefeito Reinaldo Barros, o Centro de Abastecimento Tiradentes acolhe diversos lojistas entre os setores de vestuário, sapataria, material esportivo, bolsas, alimentos, informática e acessórios.
No túnel do tempo, a placa histórica de inauguração prova os 50 anos de existência dos estabelecimentos. Preservada para manter a memória dos antepassados, aos cuidados de um dos comerciantes da localidade, a obra do Centro foi iniciado na administração ex-prefeito Coronel Manuel Acácio Leite e concluída na gestão do ex-prefeito Reinaldo Barros.
Antes de 1970, os comerciantes trabalhavam na praça João Fernandes, em frente ao Banco do Brasil. Uma testemunha desse período narra bem a história. Dona Djanira, 82, começou a trabalhar na Companhia de Tecidos Paulista (C.T.P) ainda criança, pois antes não existia o Estatuto da Criança e Adolescente, e veio pra Paulista com os seus pais do município de Buenos Aires, no agreste de Pernambuco. Aqui cresceu e arranjou emprego na C.T.P no departamento de costura. Lá o seu ofício segue até hoje, pois sempre recorre à máquina de costura nas necessidades familiares. Ela acompanhou toda a transição da antiga feira para o Centro de Abastecimento Tirandentes, há 50 anos. "A feira de Paulista sempre foi um local democrático, era muito movimentada por pobre e rico. O Coronel Arthur Lundgren, todo vestido de branco, também fazia suas compras no meio de todos."
Representando a categoria, o presidente da Associação dos Comerciantes do Centro de Abastecimento Tiradentes, Francisco Dudé, é a continuidade da tradição familiar em manter o pequeno negócio. Seus pais José Francisco e Doralice Ângela são pioneiros no local e esse legado vem sendo deixado por geração. Dudé hoje buscar uma parceria com a nova gestão municipal para trazer melhorias nos banheiros públicos do espaço do Centro.
Uma das propostas a longo prazo, quando acabar a covid-19, é a volta da corrida Bate Coração, que no ano de 2007, teve a participação da atleta do Pan Americano, Yane Marques. “Vamos torcer para essa pandemia acabar e voltar a realizar um antigo sonho nosso que é a corrida Bate Coração”, disse Francisco Dudé.
ENERGIA A VAPOR DA C.T.P
Ainda hoje encontra-se no Centro de Abastecimento Tiradentes uma torre de transmissão de energia da antiga Fábrica Aurora. Na feira a reportagem conversou com Arthur Martins, 80 anos, aposentado há 27 anos, que explicou todo o funcionamento da torre de transmissão de energia da época de 2.400 volts.
“Antes de ter a Usina de Paulo Afonso, em Paulista, toda energia produzida era a vapor, gerada pela queima das madeiras de eucalipto, produzidas em duas fábricas: a Aurora e a antiga da Companhia de Tecidos Paulista - C.T.P”, explicou. Hoje, a torre está desativada, mas serve para propagar a informação por meio dos caixas de sons da Difusora Mário Gomes.
DIFUSORA MÁRIO GOMES
O comunicador Mário Gomes, in memorian, também faz parte da história do Centro de Abastecimento Tiradentes. Ele fundou a primeira difusora do centro de Paulista e até hoje, mesmo nos tempos modernos e alta da tecnologia, os caixinhas de som ainda são verdadeiros auxiliares para o cliente, orientando promoções e variedades das lojas da região. Sônia é uma da filhas de Mário Gomes que também mantém a tradição do seu falecido pai.